"Mas eu sou assim. Tudo na minha vida eu construí com luta. Eu conheço gente por aí que sonha a vida inteira com as coisas e fica tudo no sonho. O Inacabado vai ficar aí. Depois que eu morrer, a cidade ainda vai poder desfrutar dele." Otavinho Arantes

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Teatro Otavinho Arantes renasce em novo papel

"Opopular", Goiânia, 02.09.1997
Rute Guedes

no aniversário de Goiânia a cidade deve receber de volta um dos mais emblemáticos símbolos de resistência na luta pela arte no Estado: o Teatro Otavinho Arantes, antigo Inacabado, ainda em reforma. A promessa é feita pelo atual administrador do local, o ator Hamilton José, nomeado pela Agremiação Goiana de Teatro (AGT) no começo, depois de quatro anos de abandono, foi disputado na Justiça com outra entidade e invadido por menores de rua. 
A reinauguração, esclarece Hamilton José, era para ter acontecido ainda em agosto, mas foi adiada devido a problemas técnicos e financeiros. No entanto, adianta ele, o público ainda não vai receber o teatro em perfeito estado, pois a reforma completa só deverá ser finalizada em dezembro. "Vamos inaugurar a primeira etapa da reforma com um ou dois dias de programação com artistas locais. Até o aniversário de Goiânia pretendemos concluir a pintura de todo o prédio, a troca da iluminação hidraúlicas e sanitárias, telefones, novas portas, vidros, muros, grades de segurança e camarins, além de ter passado por um processo de higienizção.
O responsável pela projeto da reforma, o arquiteto e ator Walter Guerra, da AGT, um dos pioneiros do Teatro Inacabado, conta que serão necessários cerca de R$ 300 mil para a finalização completa da obra, o que inclui as poltronas e o restante das inclui as poltronas e o restante das instalações cênicas. Para conseguir a verba, a AGT está em busca de recursos junto ao Fundo National de Cultura. "Temos esta brecha porque o teatro já foi tombado pelo patrimônio histórico. O que não conseguirmos pelo Fundo procuraremos angariar junto à iniciativa privada, através de parcerias e permutas, como já estamos fazendo com o material de pintura", anima-se Guerra.

Mudanças
Depois de sobreviver a anos de abandono, sucessivas reformas e reinaugurações, invasões de mendigos e menores de rua e até a um incêndio na década de 70, o Teatro Otavinho Arantes, garantem seus administradores, vai assumir agora um novo papel, ao mesmo tempo mais independente e integrado com a sociedade, ofrecendo serviços e buscando parcerias. A concretização do espaço como uma fundação e não apenas como uma casa de espetáculos, sublinha Hamilton José, é uma das principais metas da AGT.
"A nossa reforma não é apenas física, mas também de proposta. Estamos trabalhando para que isto aqui se transforme num centro de cultura e criação em áreas integradas como saúde e educação, sempre com projetos voltados para a criança e o adolescente", explica o administrador do local, tomando como exemplos os projetos Axé, da Bahia, e Moleque, de São Paulo.




Para o veterano Walter Guerra, que desenhou os primeiros esboços do teatro no fim da década de 50, chegou a hora da independência. "Durante muito tempo o Teatro Inacabado, um nome fatídico, foi visto como um coidadinho, algo que não dava certo, apesar dos momentos de glória das peças e nomes importantes da arte dramática que passaram por aqui, como Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Ziembinsky, Eva Todor, entre outros. Queremos resgatar esta história, mas também não queremos que ninguém passe a mão em nossas cabeças. Sabemos do nosso valor. Temos um projeto que é importante para a cidade, sabemos que temos como lutar e o que temos para oferecer: a arte."



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